terça-feira, 30 de junho de 2009

PCP vai obrigar ministra a explicar no Parlamento avaliação para 2009/2010


O PCP anunciou hoje que vai utilizar um pedido de agendamento potestativo para obrigar a ministra da Educação a ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre a avaliação dos professores, as alterações à carreira docente e o concurso de recrutamento.O anúncio foi feito hoje à tarde pelo deputado Miguel Tiago durante a reunião da Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, depois de a maioria socialista ter rejeitado um requerimento do próprio PCP a solicitar a presença de Maria de Lurdes Rodrigues. Toda a oposição tinha votado favoravelmente o requerimento dos comunistas.O presidente da Comissão, o socialista António José Seguro, lembrou que as comissões só podem funcionar depois de 10 de Julho para processo legislativo, um recado que o PCP remeteu para o Governo.O Ministério da Educação anunciou na semana passada que foi pedido um parecer ao Conselho Científico para a Avaliação dos Professores sobre se no próximo ciclo avaliativo deve ser adoptado o modelo original de avaliação ou o regime simplificado aplicado este ano lectivo."Significa igualmente a persistência no erro, uma vez que a única solução correcta seria a imediata suspensão do modelo de avaliação e a sua imediata alteração. Esta obstinação do Governo em impor e manter uma solução comprovadamente fracassada acarreta efeitos inaceitáveis para a vida dos professores portugueses", lê-se no requerimento do PCP entregue na semana passada.No mesmo documento, os deputados Miguel Tiago e João Oliveira sublinham "a mesma postura de intransigência" do Governo apontando ainda "problemas" ao nível do recrutamento de professores, no que toca à contratação de docentes de espanhol, que este ano tiveram um regime excepcional."Apesar dos avisos feitos pela comunidade académica de Letras, pelas associações e sindicatos de professores, e também pelo PCP, o Governo não alterou as regras que permitem a contratação de professores de espanhol sem habilitação profissional de espanhol", lembram os parlamentares comunistas.


In Público

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Eleições Sócrates traz magos da campanha 'online' de Obama...

EM DESESPERO...
Já em Maio tínhamos feito referência ao assunto.Obama não hostilizou os professores. E os professores cá estarão para recordar a José Sócrates que não há "magos" que lhe valham, porque os portugueses não são estúpidos!

Eleições Sócrates traz magos da campanha 'online' de Obama. O PS quer que os meios 'online' que criou para a próxima campanha eleitoral tenham no eleitorado um efeito próximo daquilo que tiveram as plataformas usadas por Barack Obama, nos EUA, e que o levaram a ser o ocupante da Casa Branca. Amanhã, traz a Lisboa dois responsáveis dessa equipa.O PS promove amanhã no Pavilhão de Portugal (Parque das Nações, Lisboa) uma conferência onde participam dois responsáveis pela campanha online de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos: Ben Self e Dan Thain, da Blue State Digital, o primeiro fundador e o segundo consultor sénior de estratégia.A conferência será subordinada ao tema "Democracia interactiva: promover a participação dos cidadãos". No primeiro painel, intitulado "novos meios de participação", participarão Rui Gomes, director editorial do Sapo, Anabela Neves, jornalista da SIC responsável pelo site Parlamento Global, Paulo Querido, jornalista, e António Costa, director do Diário Económico.Os responsáveis da Blue State Digital, empresa que criou a plataforma online para angariação de fundos e criação de redes para a candidatura presidencial de Barack Obama, intervirão no segundo painel intitulado "democracia interactiva".O PS afirma pretender criar através do site www. socrates2009.pt uma plataforma online de interacção entre o PS e os cidadãos. Uma nota à imprensa diz que "já existe no site a parte dos grupos dedicados a temas como ambiente, cultura, empresas e emprego, energia, ciência e tecnologia, europa e mundo, defesa, segurança e justiça". "Como espaço de discussão contém ainda uma secção dedicada ao Fórum Público que já discutiram temas como as energias renováveis, o programa Novas Oportunidades, ciência e tecnologia e tem a decorrer neste momento um com o tema 'Medidas de apoio às empresas'."Os dados fornecidos pelo PS dizem que no socrates2009.pt o número de páginas visitadas ultrapassa as 600 mil. Quase 6500 pessoas estão registadas. O tempo médio de permanência de cada pessoa no site é de 4 minutos e 40 segundos.A Blue State Digital e o PS pretendem estabelecer formas de cooperação, nomeadamente na utilização das comunicações telemóveis com utilização da tecnologia "blue tooth" para mobilização para actos públicos.A empresa americana, por seu turno, está a tentar entrar em Portugal, através do PS, para, partindo daqui, aceder depois ao mercado brasileiro.Nos EUA, os novos media (Twitter, Facebook, etc.) foram fundamentais para Barack Obama conseguir vencer a campanha presidencial e, sobretudo, vencer Hillary Clinton nas primárias dos Democratas. Permitiram ao candidato não só articular, organizar e mobilizar as suas redes de apoiantes como, sobretudo, angariar milhões de dólares em fundos, que lhe permitiram manter a sua campanha a funcionar mesmo quando poucos lhe davam qualquer hipótese.A campanha de Obama foi a mais cara de sempre, mas a média dos donativos ficou-se pelos cem dólares/per capita, o que permite concluir que houve uma massificação dos apoios pecuniários à campanha - ou seja, conseguiu não ficar inteiramente dependente dos doadores habituais (empresários).Em Portugal, este uso de redes sociais não tem utilidade visto que os financiamentos privados continuam fortemente limitados (a lei que os aumentava foi vetada pelo Presidente da República e o Parlamento não a voltou a agendar nem isso acontecerá nesta legislatura). Partidos e candidatos em Portugal têm multiplicado o uso de sites, mas apenas, até à data, como plataformas declarativas e não interactivas.
In Diário de Notícias.

Publicada por ILÍDIO TRINDADE

sábado, 27 de junho de 2009

MLR há qutro anos e meio domesticar os professores...


Maria de Lurdes Rodrigues tomou posse da pasta da Educação há quatro anos e meio. Não sabia nada do que se passava nas escolas. Pouco sabia de Educação. Vocacionada para a engenharia social, pediu ao seu mentor João Freire que a ajudasse a construir um quadro teórico, conceptual e instrumental para dobrar a espinha aos professores, dividi-los, domesticá-los e empobrecê-los. Nascia assim o novo estatuto da carreira docente. José Sócrates aplaudiu e viu no novo ECD um instrumento para a redução da despesa pública. Como não sabia quase nada de Educação, pediu a Valter Lemos que conduzisse o barco que a levasse ao porto desejado da "construção estatística do sucesso escolar", da "escola-armazém" e do "professor-faz-tudo". Valter Lemos fez-lhe a vontade e, em quatro anos, redigiu mais despachos do que todos os secretários de estado da educação dos últimos quatro governos juntos, fazendo abater sobre as escolas um dilúvio de legislação com os preâmbulos e introduções mais "eduqueses" de que há memória. E para dobrar a espinha aos sindicatos, Maria de Lurdes Rodrigues foi buscar um conhecido sindicalista do PS: Jorge Pedreira. E o trio criou uma "revolução" nas escolas, varrendo com ela a liberdade de expressão, a autonomia pedagógica e a democracia escolar. Foram quatro anos e meio a tratar os professores como funcionários subalternos destituídos de autonomia técnica e as escolas como postos de venda de uma mercadoria a que eles deram o nome de "qualificação" e "certificação". Maria de Lurdes Rodrigues virou "CEO" de uma grande empresa com o nome de "sistema educativo" e a que alguns preferem chamar "unidades de gestão" e colocou os directores gerentes de balcão a responderem directamente aos directores regionais directores comerciais instalados nas DREs. E, com o objectivo de domesticar os gerentes de balcão, lançou sobre os inconformistas uma legião de inspectores que tudo controlam e tudo fiscalizam, espalhando o medo por onde quer que passem.


Publicada por Ramiro Marques

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Divisão da carreira docente "pode e vai" manter-se.

O Governo vai manter a divisão da carreira docente, afirmou ontem o secretário de Estado adjunto. As negociações devem continuar até ao fim de Julho, apesar de não se dever chegar a acordo com os sindicatos, admitiu.Foi com extrema naturalidade que ontem Jorge Pedreira - em conferência de Imprensa, no ME, para apresentar a primeira proposta "formal" da tutela sobre estrutura de carreira - admitiu não esperar chegar a acordo com os sindicatos, independentemente de prosseguir a revisão do Estatuto da Carreira Docente."O ministério entende que não pode, nem deve, sacrificar os princípios fundamentais do decreto-lei nº15/2007"(ECD), ou seja, o Governo não abdica da divisão da carreira, entre professores e titulares, mas considerou "que podia e devia proceder a alterações de melhoria das condições de progressão na carreira. A proposta beneficiará todos", garantiu.Assim, sublinhou, os docentes progredirão durante os três primeiros escalões ao fim de quatro (e não cinco anos) de serviço; no 5.º escalão ao fim de dois anos; e os docentes que no final do 6º reúnam as condições de progressão (tempo de serviço, classificação na prova de acesso à categoria de titular e se tenham submetido ao concurso) mas não consigam vaga possam permanecer no 7.º escalão mantendo em aberto a possibilidade de chegar a titular, durante seis anos, "sem penalizações". Os professores que tiverem mais do que uma classificação máxima (sujeitas a quotas), além de receberem um prémio de mérito, também beneficiarão de redução do tempo de serviço exigido no acesso a titular."É um esforço significativo do Governo", concluiu. Já o secretário-geral da Fenprof, que hoje se reúne com a tutela, classificou as medidas, ao JN, de "rebuçaditos". "Enquanto houver divisão da carreira não há nenhuma hipótese de aproximação, quanto mais de acordo", garantiu Mário Nogueira, insistindo que a redução da frequência no 5.º escalão só se deve por a diferença entre esse patamar e o 6.º rondar os 80 euros; "já para o 7º são cerca de 200 e por isso são seis anos".

In Jornal de Notícias.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sócrates disse: «a avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores»

O primeiro-ministro acaba de dizer, no parlamento, que a «avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores».Esta afirmação é uma mentira e confirma o que há muito se sabe: temos um chefe de Governo medíocre.É uma mentira, porque a avaliação do desempenho dos professores que, neste momento, está a ser feita nas escolas é uma vergonha nacional. Envergonha qualquer profissional sério, e envergonha o país. Já o escrevi e reafirmo: a ministra da Educação e o primeiro-ministro conseguiram criar uma avaliação tecnicamente tão má que, comparativamente, consegue fazer do modelo anterior um exemplo de rigor e de exigência. Ser possível formular objectivos individuais em Fevereiro, ou em Março, ou em Abril, ou em Maio ou, até, em Junho, com efeitos retroactivos a todos o ano lectivo, é um exemplo da incompetência e da mediocridade desta avaliação. Ser possível atribuir a classificação de excelente através da observação de apenas duas aulas, em três meses, é outro exemplo da incompetência e da mediocridade desta avaliação.Nestas circunstâncias, dizer que «avaliação dos professores em curso vai distinguir os melhores» revela a objectiva mediocridade política de quem o afirma. Ou o primeiro-ministro não sabe do que está a falar, ou sabe, e está, deliberadamente, a querer enganar quem o ouve. Qualquer uma das hipótese mostra como ele é politicamente medíocre.
Publicado por Mário Carneiro

terça-feira, 23 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Até final de Setembro, é tudo a somar e nada a dividir.

O ME está interessado em que a questão da entrega ou da recusa da entrega da ficha de auto-avaliação seja um novo factor de divisão dos professores. É por isso que vai manter-se em silêncio sobre o assunto. O objectivo primeiro do ME é impedir que cresça a onda que conduza a uma nova manifestação nacional em meados de Setembro. Acusada por cada vez mais socialistas de ser a causadora da derrota eleitoral do PS, a ministra da educação está num beco sem saída. José Sócrates tem de a manter no Governo até ao fim, sob pena de ser acusado de fraco e desleal para com uma ministra que deu o corpo ao manifesto pelas políticas dele, e ela tem de estar quieta para não causar mais estragos ao PS. Está num coma político.
É neste contexto que surge o movimento de recusa da entrega da ficha de auto-avaliação. Foi um movimento que começou com a declaração dos 13 e que tem vindo a somar apoios de forma lenta mas progressiva. Ontem, foi a vez de uma voz emblemática da luta dos professores, Luís Costa, dar o corpo ao manifesto e justificar publicamente a recusa da entrega da FAA. A questão da entrega ou não da FAA é delicada e deve ser tratada com pinças para que não se transforme num factor de divisão dos professores. Tem de ser encarada como uma questão do foro individual. É errado apresentar os resistentes como os puros e os coerentes e os outros professores como fracos e temerosos. Há boas razões para entregar a FFA e há também bons motivos para recusar a entrega. Como ficou provado no dia 7 de Junho, os professores só têm a ganhar com formas de luta que desgastem a imagem política do Governo e contribuam para a derrota eleitoral do PS. Sendo o PS de José Sócrates o maior inimigo dos professores, a unidade dos docentes em torno de formas de luta que mobilizem grandes massas e que desgastem o Governo constitui o objectivo principal a menos de três meses das eleições legislativas. Para que a unidade dos professores se mantenha é necessário ter cuidado com a linguagem. Os professores que recusam entregar a FAA mostram coragem e coerência e devem ser objecto de respeito. Os professores que optaram por entregar a FAA, com ou sem declaração de protesto, merecem igual consideração. O mais importante é que uns e outros estejam dispostos a engrossar as fileiras da manifestação de Setembro: a manifestação de professores que vai ajudar o Povo a empurrar José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues borda fora.

Publicado por ProfAvaliação

domingo, 21 de junho de 2009

COMPROMISSO EDUCAÇÃO


Iniciativa dos movimentos independentes de professores PROmova, APEDE e MUPOs movimentos independentes de professores, APEDE, MUP e PROmova, constatam que, em consequência da prolongada e tenaz resistência dos professores contra as políticas educativas deste Governo, foi emergindo um consenso natural entre todas as forças políticas da oposição acerca da rejeição das políticas em causa, tal é a inconsistência e a injustiça das mesmas.Assim, atendendo a que:1) é desejável que as reformas educativas, pela sua dimensão estruturante e pelo alcance temporal dos seus efeitos, sejam geradoras do maior consenso político e social possível, para aí se poderem ancorar de forma duradoura, de molde a evitarem-se mudanças ao sabor de maiorias e de umbigos de circunstância, que apenas servem para destabilizar as escolas e perturbar o sistema de ensino;2) este Governo embarcou, de forma impreparada e casuística, em aventureirismos reformistas que procurou implementar nas escolas através de uma estratégia de arrogância, a qual subalternizou qualquer respaldo político-partidário fora da maioria socialista (e nem todos), assim como ignorou os saberes, as experiências e as dinâmicas dos actores no terreno;3) as pretensas reformas vieram a ser impostas de modo hostil e autocrático, muitas delas escoradas na inaceitável injustiça que consumou a divisão da carreira, pelo que apenas contribuíram para a degradação do ambiente nas escolas e para desencadear a indignação e a resistência dos professores;4) se verificou uma convergência de posições entre os professores e os partidos políticos da oposição à volta de um núcleo de reivindicações fundamentais, especificamente a propósito da não aceitação da divisão da carreira e da rejeição do modelo de avaliação proposto, o que vem reforçar a adequação e a justeza da contestação encetada pelos professores;Os movimentos independentes de professores consideram estarem reunidas as condições para a efectivação de um contrato público, em matéria de educação, com os partidos da oposição, as suas estruturas dirigentes e os seus membros mais destacados, a nível nacional e distrital, que se possa traduzir num compromisso de, no que venha a depender de cada um e no quadro da próxima da legislatura, tudo procurarem fazer para:1) colaborarem na valorização do prestígio e da autoridade dos professores e na implementação de um ensino público de qualidade;2) abrirem um processo negocial com as estruturas representativas dos professores que incida sobre a imprescindível e urgente revisão do ECD (Estatuto da Carreira Docente), no sentido de ser revogada a divisão arbitrária e injusta da carreira, enquanto condição indispensável à pacificação das escolas, de ser substituído o actual e desacreditado modelo de avaliação, bem como de se pôr fim à aplicação das quotas ao sistema de ensino;3) manifestarem abertura para negociar com as estruturas representativas dos professores dossiers candentes, como: a revisão do modelo de gestão, que seja susceptível de garantir uma maior democraticidade e participação dos professores nos processos de gestão e tomadas de decisão nas escolas; a questão da estabilidade profissional dos docentes; a manutenção do carácter nacional dos concursos de professores;4) reconhecerem a necessidade de uma revisão do Estatuto do Aluno, de molde a promover uma cultura de responsabilidade.Desta forma, os professores portugueses e as suas famílias terão uma percepção clara de quais as forças políticas e os dirigentes políticos que serão merecedores da sua confiança e do seu voto, nos próximos actos eleitorais.Os movimentos independentes de professores, APEDE, MUP e PROmova, submetem este documento às estruturas e aos elementos destacados dos partidos políticos da oposição, ficando na expectativa de poderem contar, da parte dos mesmos, com uma intervenção pública e/ou com um documento escrito que subscreva este Compromisso Educação.
Vila Real e Lisboa, 1 de Junho de 2009
Os movimentos independentes de professores,APEDE, MUP e PROmova

sábado, 20 de junho de 2009

O conto do vigário...



O conto do vigário do parecer nº 5/recomendações do CCAP. A única recomendação válida é a que não está lá: suspensão imediata do DR 2/2008 e do DR 1-A/2009
O Parecer nº 5 do CCAP, aprovado por unanimidade no dia 8 de Junho, é um conto do vigário. É certo que tem duas recomendações sensatas: a exigência de testagem prévia do modelo e o alargamento dos ciclos de avaliação. Só um cego, surdo e mudo, incapaz de escrever, as não faria. São evidentes. Que o CCAP tenha reparado nelas apenas agora é que é algo de surpreendente. O Parecer está cheio de recomendações inaceitáveis. Estão, neste caso, coisas como estas:
1. Que o ME promova a elaboração de padrões profissionais para a docência que caracterizem a natureza, saberes e requisitos da profissão docente (ponto 3.4, pág. 3).
2. A qualidade das aprendizagens dos alunos, incluindo a que é medida através resultados escolares, constitua um foco central da análise reflexiva entre avaliadores e avaliados (ponto 3.2, pág. 3).
3. A política de avaliação docente e respectivos instrumentos normativos nacionais adoptem uma matriz descentralizadora, atribuindo às escolas a responsabilidade pela formatação dos seus dispositivos e instrumentos de avaliação de desempenho (ponto 2.1, pág. 2).
4. A avaliação do desempenho docente, a avaliação dos alunos, a avaliação interna da escola, a avaliação externa da escola e a avaliação de projectos e programas se desenvolvam de forma articulada no sistema educativo e na escola (ponto 1.5, pág. 2).
Vamos lá descodificar isto:
Ponto 1: Mais padrões profissionais, para quê? Não chegam os que o INAFOP criou? E os que foram publicados pelo Decreto-Lei 241/2001? O CCAP e os actuais dirigentes do ME comungam da mesma obsessão padronizadora. Falam em autonomia e diversidade mas exigem padronização, uniformização, quantificação e parametrização. Sob a retórica da prestação de contas, uns e outros querem amarrar os professores, retirar-lhes a liberdade de expressão e sufocá-los com o eduquês e a novilíngua do pedagogicamente correcto.
Ponto 2: O CCAP continua a insistir naquilo que os professores mais rejeitam: associar a avaliação de desempenho aos resultados escolares dos alunos.
Ponto 3: Atribuir às escolas a formatação dos seus dispositivos e instrumentos de avaliação dos professores é aumentar a carga burocrática inerente à máquina da avaliação e é abrir as portas a mais desigualdade, injustiça e divisões entre os professores. Imaginem a vida infernal que os professores das escolas comandadas por directores "mais papistas que o Papa" e desejosos de mostrar serviço aos políticos teriam caso os directores tivessem carta branca para criarem os dispositivos e instrumentos de avaliação de desempenho dos professores.
Ponto 4: A obsessão avaliadora das pessoas que integram o CCAP só tem paralelo na ideia fixa do ME, das DREs e da IGE de avaliarem tudo e de, para tudo, exigirem relatórios enfeitados da retórica eduquesa e polvilhados das siglas e termos da novilingua do pedagogicamente correcto. Se a obsessão avaliadora for para a frente, os professores passarão grande parte do seu tempo a redigir relatórios sobre tudo o que acontece na escola, desperdiçando o tempo e a energia em tarefas inúteis.
É preciso dizer ao CCAP que a monstruosidade criada pelo decreto-lei 15/2007 e pelo decreto regulamentar 2/2008 só pode ter um destino: o caixote do lixo. Nada daquilo se aproveita. A solução consiste em montar um sistema de avaliação formativa que identifique dificuldades e necessidades de formação acompanhado de dispositivos de correcção e de superação das deficiências. E dissociar a avaliação de desempenho da progressão na carreira. A avaliação de desempenho deve fazer-se para ajudar a melhorar as práticas dos professores e não para lhes oferecer prémios pecuniários.


Publicada por ProfAvaliação

Já em Setembro, rebentar com estas políticas!


O Movimento Escola Pública promoveu um inquérito sobre as próximas acções de luta a serem levadas a cabo pelos professores no início do próximo ano lectivo. Participaram 176 pessoas, eis os resultados:1) Outra greve nacional 15 votos (8%)2) Outra manifestação nacional 71 votos (40%)3) Uma greve nacional de vários dias 74 votos (42%)4) Manifestações regionais/locais 16 votos (9%)Vê aqui outras opções referidas pelos votantesApesar da reduzida dimensão da amostra, arriscamos tirar algumas ilações:1) A realização de outra greve nacional de apenas um dia ou de manifestações locais/regionais não entusiasma os professores. E não é de admirar: quase todos querem subir o patamar da luta e sabemos que estas duas alternativas não são as que mais impacto produzem. As manifestações regionais, mesmo todas somadas, nunca são tão mobilizadoras quanto uma manifestação nacional. E as greves nacionais de um dia, só por si, já não acrescentam muita coisa porque não têm a mesma visibilidade e força pública e colectiva que uma grande manifestação pode alcançar.2) As duas opções mais votadas foram a realização de uma nova grande manifestação nacional e uma greve de vários dias. Isto significa que os professores querem endurecer a luta contra este governo. E existem aqui duas percepções a considerar: por um lado, muitos acreditam que será preciso uma nova grande manifestação nacional no início de Setembro, que, mesmo antes das eleições legislativas e numa altura em que é possível mobiliizar muitos mais professores que em Maio, terá um impacto enorme. Por outro lado, existe também a percepção que isto já não vai lá só com manifestações e que é urgente enveredar por um caminho mais radical, com uma greve de vários dias.3) Começam assim a ganhar força várias boas hipóteses para uma grande acção de mobilização dos professores no início do próximo ano lectivo e antes das eleições legislativas, por exemplo: ou uma grande manifestação a um sábado, ou uma greve de dois dias, ou mesmo uma greve de dois dias com manifestação no segundo dia de greve, ou uma greve à quinta e à sexta terminando numa manifestação ao sábado. Todas as soluções devem voltar a ser discutidas com todos os professores em reuniões nas escolas, a realizar no início do próximo ano lectivo. Para rebentar de vez com as políticas deste governo que tão mal têm feito à escola pública.


Publicada por Movimento Escola Pública

ESTE MODELO DE AVALIAÇÃO NÃO SERVE!


In Público

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ministra e avaliação dos professores...


Reacção à posição da ministra da Educação
FNE considera “um erro” persistir neste modelo, mesmo que simplificado
19.06.2009 - 20h51 Romana Borja-Santos
Para o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) qualquer das hipóteses admitidas hoje pela ministra da Educação - de aplicar no próximo ano um modelo simplificado da avaliação docente ou o modelo original com eventuais alterações - será “um erro”. Segundo defendeu ao PÚBLICO João Dias da Silva, a “escola pública portuguesa merece outro modelo, merece começar do zero”.A FNE considera que “nenhuma destas soluções serve nem corresponde ao que as organizações sindicais em nome dos professores denunciaram” porque continua a assentar numa “estrutura de carreira docente errada” – em referências ao problema da existência de quotas e da divisão dos professores em duas categorias hierarquizadas.Sobre o relatório do Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), João Dias da Silva admite concordar com o ponto em que é sugerida uma maior aposta na vertente científico-pedagógica, mas ressalva que “é necessário que os professores avaliadores tenham formação para isso”, o que entende ser impossível de momento.Desta forma, a FNE entende que “persistir neste modelo é um erro e não vem trazer aquilo que era essencial: um modelo mobilizador das pessoas e identificador das melhores práticas”. Sobre o “timing” deste anúncio, considera que o primeiro-ministro, José Sócrates, na entrevista que deu esta semana à SIC, tinha admitido que a actual avaliação era demasiado burocrática. E reforça que isto já podia ter sido corrigido há muito tempo pelo que o anúncio chega “tardíssimo” e é revelador de que “o Ministério da Educação não sabe o que está a fazer”. “Depois de tudo o que foi pedido e de todas as ameaças aos professores isto não faz sentido”, conclui.Maria de Lurdes Rodrigues admitiu hoje manter a versão simplificada do modelo de avaliação de desempenho docente por mais um ciclo avaliativo. Num despacho divulgado hoje, esta é uma das duas opções para o próximo ano lectivo sobre as quais a ministra pede parecer ao Conselho Científico para a Avaliação dos Professores. A outra é voltar ao modelo original, regulamentado em 2008, “com as alterações eventualmente consideradas necessárias, designadamente a respeitante à duração dos ciclos de avaliação”. O regime simplificado entrou em vigor em Janeiro passado em resposta aos protestos das escolas e docentes. O tempo de vigência que lhe foi apontado foi de um ano. No ano lectivo passado o modelo de avaliação tinha também sido substituído por uma versão simplificada que foi só aplicada aos professores contratados. O despacho da ministra surge na sequência da entrega, pelo CCAP, do seu relatório sobre o acompanhamento e a monitorização da avaliação de desempenho docente.
In Público

Colóquio - Centralizar ou Descentralizar a Educação?


quinta-feira, 18 de junho de 2009

Mas alguém acredita neste farsante?

No Jornal de Notícias a 18/06/2009: "Durante a tarde, à margem do debate da moção de censura apresentada pelo CDS, o primeiro-ministro assumiu o primeiro erro da governação: a fraca aposta no sector cultural. À noite, em entrevista à SIC, José Sócrates reafirmou esse erro e admitiu outros dois: a ideia de que o Executivo fazia reformas contra algumas classes sociais e o modelo de avaliação dos professores, demasiado exigente."Um dos erros que cometemos foi deixarmos instalar a ideia de que, quando fazíamos reformas ao serviço do interesse geral, agíamos contra algumas classes sociais. Claro está que o Governo não age contra classes sociais", declarou José Sócrates, especificando que se referia, por exemplo, aos juízes e aos professores.Foi precisamente no sector do Ensino que o primeiro-ministro reconheceu outra falha. "Gostaríamos de não termos cometido o erro de apresentar uma avaliação (dos professores) tão exigente, tão complexa, tão burocrática", afirmou, embora vincasse que "os sindicatos também deviam meter as mãos à consciência.Apesar de assegurar que, no sector da Educação, foram tomadas "as reformas necessárias", José Sócrates já não garantiu se manterá a ministra da Educação, caso ganhe as eleições legislativas. "Quanto ao futuro Governo, não me quero comprometer com nada. Um futuro Governo será um novo Governo, com novas responsabilidades", afirmou apenas.(...)"

quarta-feira, 17 de junho de 2009

OCDE DIZ QUE PORTUGAL É CASO PREOCUPANTE


Educação: Professores portugueses desvalorizam ‘copianço’Indisciplina ‘rouba’ 16 por cento da aula
Os professores portugueses são os segundos da Europa que mais tempo passam a impor disciplina na sala de aula. De acordo com os dados do Inquérito Internacional de Ensino e Aprendizagem, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Portugal perde-se 16,1 por cento da aula a manter a ordem, o que corresponde a cerca de 15 minutos em cada bloco de 90 minutos de aula. Brasil (17,8%), Malásia (17,1) e Islândia (16,7) são os países nos quais esse valor é superior ao de Portugal. A média da OCDE é de 12,9 por cento.Se se juntar as tarefas administrativas (8,2%), um professor português passa 24,3 por cento do tempo de aula sem estar, efectivamente, a ensinar. O mau comportamento (69,1%) e o absentismo (50,8%) dos alunos são os factores que os docentes portugueses mais associam ao insucesso escolar, valores acima da média dos países da OCDE, respectivamente, 60,2% e 45,8%. No lado oposto, está o ‘copianço’: 11,2 por cento dos professores portugueses consideram estar associado ao insucesso, enquanto a média da OCDE é de 20,9.Maria José Viseu, da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação, diz que a necessidade de os professores imporem a ordem pode estar relacionada com a falta de concentração dos alunos. "As crianças e adolescentes não conseguem estar concentrados numa tarefa mais do que um determinado tempo. Os pais são responsáveis, mas não são os únicos. Há turmas com 40 alunos e os currículos das disciplinas não estão adaptados às motivações deles.""MINISTÉRIO COM MEDIDAS CERTAS"O Ministério da Educação considerou o diagnóstico feito pela OCDE semelhante ao por si realizado, que levou à implementação de um processo de avaliação dos professores. Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, comentou ontem o documento, afirmando que as políticas do Governo estão no bom caminho: "Os dados do relatório da OCDE mostram que Portugal é um dos países onde o maior número de professores afirma não ter apreciação do seu trabalho para incentivo em termos de carreira. São diagnósticos que confirmam que as medidas tomadas pelo Ministério da Educação nestas áreas parecem estar na direcção certa."Em relação à indisciplina, o secretário de Estado diz que "Portugal não está fora daquilo que é o normal na maior parte dos países", reconhecendo que "todos os países têm um nível de indisciplina bastante elevado e Portugal não é excepção".OCDE DIZ QUE PORTUGAL É CASO PREOCUPANTEA OCDE considera Portugal um caso "preocupante" para as "carreiras e vidas profissionais dos professores", devido à falta de um sistema de avaliação de desempenho dos docentes, aconselhando os países que não dispõem de sistemas de avaliação formalizados e generalizados a nível nacional a introduzi-los rapidamente.A conclusão faz parte do relatório Inquérito Internacional de Ensino e Aprendizagem, que fez um estudo comparativo das condições de trabalho e do ambiente de ensino e aprendizagem em escolas de 23 países de todo o Mundo e que decorreu entre Março e Maio de 2003 e Março e Maio de 2008. Em cada país, foram seleccionadas para participar no estudo 200 escolas públicas e privadas com 3º Ciclo do Ensino Básico.APONTAMENTOSPORTOUma professora da Secundária Carolina Michaelis, Porto, foi agredida na sala de aula, em Março de 2008, quando tentava tirar o telemóvel a uma aluna.GONDOMARUma professora da Escola de São Cosme, Gondomar, foi agredida a murro e pontapé por um aluno de 16 anos, em Novembro de 2008.SERNANCELHEUm aluno de 15 anos da Escola EB 2,3 de Sernancelhe exibiu, em Março, uma arma de fogo em pleno recinto escolar.

In Correio da Manhã.

domingo, 14 de junho de 2009

A recusa de entrega da FAA e o sindicalismo que nos falta.

Um dos argumentos que tem sido utilizado para justificar a posição das direcções sindicais sobre a entrega da ficha de auto-avaliação (FAA) é o de que os sindicatos são organizações responsáveis e, como tal, não podem apelar que os seus representados desobedeçam à lei. Ora aqui está um argumento cuja naturalidade deveria ser de molde a afastar qualquer objecção. E, no entanto, são justamente estes argumentos “naturais” que deveriam suscitar em nós as maiores suspeitas. De facto, o que o argumento mostra é o estado a que chegou o sindicalismo entre nós. E, quando digo «nós», refiro-me a «nós, europeus» (sem querer parafrasear o mote da campanha do agora desvitalizado Vital).
Façamos, de forma despretensiosa, um pouco de história. Convém recordar que o nosso sindicalismo, o sindicalismo de hoje, não é o mesmo que se formou com as lutas heróicas dos operários de finais do século XIX e princípios do século XX, quando o direito à greve e o direito à própria constituição de sindicatos não eram sequer reconhecidos. Em grande medida, o combate pelos direitos laborais foi também, ao mesmo tempo, um combate pelo reconhecimento dos sindicatos enquanto formas de representação dos trabalhadores e pela negociação inter-classista como a forma de relacionamento «normal» entre trabalhadores e patronato ou, para usar a vulgata marxista, entre o proletariado e a burguesia. Como Lénine percebeu, essa luta não tinha a revolução como seu desiderato e seu horizonte. Mas, seja como for, era uma luta por novos arranjos jurídicos e institucionais, o que significa que, na ausência dos mesmos, ela só se poderia fazer contra a legalidade então dominante. Várias décadas de «contrato» social-democrata – uma realidade que só se generalizou (a alguns países) após a Segunda Guerra e, no caso de Portugal, apenas a seguir ao 25 de Abril – levaram a que essas origens ilegais do sindicalismo fossem sendo, gradualmente, esquecidas. O sindicalismo legalista que hoje se pratica é, pois, um produto de um contexto europeu em que a concertação social se tornou a norma. Essa norma, sabemo-lo bem, está hoje em vias de extinção acelerada.
Está-lo, aliás, desde a era Thatcher-Reagan, embora só ao longo dos anos 90, com o colapso retumbante do «socialismo real», o grande capital tenha encontrado os meios políticos para se furtar inteiramente ao “consenso” social-democrata referido atrás. O sindicalismo encontrou-se, de súbito, a falar sozinho numa mesa de negociações da qual o interlocutor tinha desaparecido, entregue à vertigem dos seus negócios e ao desmantelamento dos direitos laborais anteriormente «adquiridos». Em lugar desse interlocutor, o sindicalismo deparou-se com poderes de Estado empenhados em aprofundar a erosão do contrato social-democrata. Uma erosão feita inteiramente com meios legais. Uma erosão que configurava, de facto, uma nova legalidade.
Essa nova legalidade consiste em ilegalizar, de forma gradual mas decidida, os direitos laborais que haviam sido conquistados em lutas contra a lei – lutas ilegais, pois – ou em lutas conformes à lei no quadro da concertação inter-classista.
A relação do sindicalismo com a legalidade inscreve-se, portanto, num mapa muito mais complexo e muito menos linear do que se supõe quando tomamos como evidente a necessidade de os sindicatos respeitarem as leis vigentes. A história do sindicalismo é indissociável de muitos momentos de desobediência civil. O problema é que os dirigentes sindicais de hoje, formatados por esse sindicalismo mole que se constituiu quando os modelos da concertação social e do Estado-Providência pareciam dados irreversíveis, não estão minimamente preparados para enfrentar uma nova legalidade apostada em ilegalizar os direitos laborais. Na verdade, estão desfasados da ordem política actual, funcionando como se as premissas subjacentes ao consenso social-democrata ainda estivessem de pé.
Os sindicatos dos professores, sublinhe-se, não são excepção a esta regra. Antes a confirmam abundantemente.
Ora, por tudo o que vimos antes, as novas leis laborais não podem ser combatidas eficazmente se nos mantivermos dentro do estrito limite de respeito pela legalidade. Pois o problema maior está justamente nesta e no tipo de respeito a que compele. A única forma consistente de combater as referidas leis, a única forma de não sermos derrotados e esmagados por elas, está na recusa de as cumprirmos. Torna-se cada vez mais urgente a redescoberta, colectiva mas também individual, da desobediência civil enquanto matriz histórica da conquista dos direitos cívicos e sociais.
E o sindicalismo de que precisamos, um sindicalismo em sintonia com a luta eficaz contra a nova legalidade anti-laboral, tem de ser um sindicalismo à margem desta última, já que ela nega as próprias condições legais em que o sindicalismo tradicional se pode desenvolver.
Só assim será possível lutar pela reposição de uma outra legalidade: a que devolva o carácter legal a direitos que foram tornados fora da lei.
O sindicalismo que nos falta não estaria, hoje, a apelar a que os professores entreguem, obedientemente, a ficha de auto-avaliação (ainda que se lhe junte uma declaração feita para aliviar más-consciências). O sindicalismo que nos falta teria, há muito, abandonado uma mesa de negociações na qual os sindicatos não se sentam com interlocutores sérios, e estaria a fazer tudo por tudo para que os professores pudessem organizar colectivamente a sua recusa. Mas esse sindicalismo (que nos falta) requer uma cultura de desobediência civil que é incompatível com a moleza negocial da maior parte dos dirigentes sindicais.
Seremos nós capazes de inventar o sindicalismo que nos falta?

Mário Machaqueiro

sábado, 13 de junho de 2009

Contra a avaliação dos docentes enquanto mistificação


Esta é a declaração de uma intenção tomada em consciência e coerência com as atitudes e posições por nós assumidas num passado recente. Não é um apelo a um qualquer movimento de desobediência civil, nem o seu contrário, assim como também não é uma recusa em nos submetermos à avaliação da qualidade do nosso desempenho enquanto docentes.
É apenas a manifestação pública da impossibilidade, de acordo com princípios de coerência e responsabilidade de que nos orgulhamos, de aceitarmos seguir as directrizes de um modelo de avaliação do nosso desempenho que de forma alguma cumpre os objectivos afirmados pela tutela, em particular no regime simplificado em vigor, de constitucionalidade duvidosa e escassa qualidade técnica.
Em conformidade com posições adoptadas por todos nós em momentos anteriores, os subscritores desta declaração afirmam a sua indisponibilidade para entregar a ficha de auto-avaliação nos moldes predeterminados pelo Ministério da Educação.
Esta posição implica rejeitar a transformação do biénio 2007-09 numa pseudo-avaliação com base em objectivos definidos entre três a cinco meses do final das actividades lectivas deste período. Esta atitude significa a recusa frontal em participar de forma activa numa mistificação pública cujo objectivo é fazer passar por verdadeira uma avaliação falseada do mérito profissional dos docentes, mistificação esta que sabemos ter objectivos meramente eleitoralistas mas que terá consequências profundamente negativas para a qualidade da educação em Portugal.
Estamos conscientes das potenciais consequências da nossa tomada de posição, nomeadamente quanto à ameaça da não progressão na carreira por um período de dois anos lectivos, assim como de um eventual procedimento disciplinar que todos contestaremos em seu devido tempo. Esta é uma atitude cujas implicações apenas recaem sobre nós, estando todos preparados para continuar a lutar pela demonstração da ilegalidade do regime da chamada avaliação simplex.
Estamos ainda conscientes de algumas críticas que nos serão dirigidas de diversos quadrantes. Todas elas serão bem-vindas, venham de onde vierem, desde que se baseiem em argumentos e não em meras qualificações destituídas de conteúdo.
Aos que nos queiram apontar que não compete a cada cidadão definir a forma de cumprimento das leis que se lhe aplicam, poderíamos evocar o artigo 21º da Constituição da República Portuguesa, mas bastará sublinhar o que acima ficou explicitado sobre a forma como encaramos as consequências dos nossos actos. A todos os que considerarem que esta é uma radicalização excessiva do nosso conflito com o Ministério da Educação reafirmamos que o fazemos em consciência e coerência com os nossos princípios éticos, sem calculismos ou outros oportunismos de circunstância.
Por último, salientamos que esta declaração não é um apelo a qualquer tomada de posição semelhante por ninguém, mas tão-só a afirmação da nossa. Não podemos, porém, deixar de constatar que a força de qualquer atitude é tão mais poderosa quanto consciente e esclarecida a convicção de quem a toma.
Ana Mendes da Silva (Esc. Sec. da Amadora), Armanda Sousa, (Esc. Sec./3 de Felgueiras) Fátima Freitas (Esc. Sec. António Sérgio, Porto), Helena Bastos (EB 2/3 Pintor Almada Negreiros, Lisboa), Maria José Simas (Esc. Sec. D. João II, Setúbal), Mário Machaqueiro (Esc. Secundária de Caneças), Maurício de Brito (Esc. Sec. Ponte de Lima), Paulo Guinote (EB 2/3 Mouzinho da Silveira, B. Banheira) Paulo Prudêncio (EBI Santo Onofre, Caldas da Rainha), Pedro Castro (Esc. Sec. Maia), Ricardo Silva (EB 2/3 D. Carlos I, Sintra), Rosa Medina de Sousa (Esc. Sec. José Saramago, Mafra) e Teodoro Manuel (Esc. Sec. Moita).

Público, 13 de Junho de 2009

Sócrates , por Vasco Pulido Valente


In Público

quarta-feira, 10 de junho de 2009

António Barreto exorta o poder a dar "o exemplo".


O sociólogo António Barreto exortou hoje os diversos poderes, do político ao empresarial, a serem exemplos para o resto da sociedade portuguesa.No discurso na sessão solene do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Europeias, o presidente da comissão organizadora das comemorações fez várias críticas a algumas opções de Estado — como a guerra colonial —, ao funcionamento das instituições e ao facto de a sociedade portuguesa ainda não ter sabido aplicar parte dos ideais com que fez a democracia.Pegando no exemplo da “elevadíssima” abstenção das eleições de domingo, Barreto apontou que a cidadania europeia é ainda “uma noção vaga e incerta”, inventada por políticos e juristas, mas que pouco diz ao cidadão comum. “A sociedade e o estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. O favor ainda vence vezes demais o mérito. O endividamento de todos […] é excessivo e hipoteca a próxima geração”, afirmou António Barreto. Perante o Presidente da República, o primeiro-ministro, membros do Governo e altas patentes militares, António Barreto — que substituiu o falecido João Bénard da Costa na comissão das comemorações — elogiou, por outro lado, a consolidação do regime democrático — ainda que “recheado de defeitos” —, a evolução da situação das mulheres, a pluralidade da sociedade portuguesa e a filosofia do Estado de protecção social. O sociólogo defendeu que os portugueses precisam do "exemplo" dos seus heróis — como o que hoje se comemora, Luís de Camões — "mas também dos seus dirigentes". “Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista”, justificou. E apelou ao exemplo pela justiça e pela tolerância, pela “honestidade e contra a corrupção”, pela eficácia, pontualidade, atendimento público e civilidade de costumes, contra a decadência moral e cívica, pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo.
in Público

ANTEROZÓIDE


terça-feira, 9 de junho de 2009

Prémio LEMNISCATA


Este prémio foi-me gentilmente oferecido pelo Blog http://bilroseberloques.blogspot.com/

"O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.

Cabe-nos, mais uma vez, a difícil tarefa de repassar este selo a 7 blogues considerados merecedores de receber este prémio", devendo eles proceder de igual modo.

Assim, desta vez escolhemos:
http://aterragiraaocontrario.blogspot.com/
http://antero.wordpress.com/
http://legoergosum.blogspot.com/
http://profslusos.blogspot.com/
http://www.movimentoescolapublica.blogspot.com/
http://soucontraacorrente.blogspot.com/
http://fenixvermelha.blogspot.com/

Sobre o significado de LEMNISCATA:

LEMNISCATA: “curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante.”

Lemniscato: ornado de fitas Do grego Lemniskos, do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores

(In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)

Acrescento que o símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente.

Texto da editora de "Pérola da cultura"

domingo, 7 de junho de 2009

PRIMEIRA DERROTA DO PS !!


A derrota do PS, é a vitória dos professores.
Vivam os professores portugueses!!

sábado, 6 de junho de 2009

GRITO PELA LIBERDADE NO ENSINO


Esta preocupação de tudo regulamentar e dirigir, a partir do centro do poder, a actividade dos professores, controlando passo a passo todos os seus movimentos, atitudes e acções, com leis, decretos-lei, decretos regulamentares, despachos, ofícios, circulares, regulamentos e orientações, está a destruir a liberdade, a criatividade e até a própria produtividade na educação (Esperemos pelos resultados do Pisa). Pior, a educação está a tornar-se numa tirania asfixiante e limitadora da actividade docente.Pretende-se fazer dos professores autómatos acéfalos, meros executantes de medidas impostas por decreto ou despacho como se fossem obedientes robôs comandados por um qualquer controlo remoto, a partir de um centro nevrálgico. Ao decretar-se, minuciosamente e ponto por ponto, como o professor deve fazer a sua aula, que recursos deve usar, como deve avaliar os seus alunos, como deve, ou não, dar o apoio individualizado, como deve vigiar um exame ou como deve fazer uma reunião, etc., etc., retira-se ao professor a iniciativa, a criatividade e a liberdade, roçando os tiques da hiper-regulamentação típicos do fascismo e do nazismo. Tudo isto acontece, ironicamente, em nome da “democracia”, do “poder democraticamente eleito”, da “legitimidade democrática”, etc., etc.Começo a ficar preocupado quando observo que os “velhos” paladinos das “liberdades democráticas” e das “liberdades individuais” se mantêm calados, quando assistimos, há já demasiado tempo, a uma teimosia ditatorial técnico-burocrática e a um quase neo-fascismo nas políticas educativas.Para avaliar o desempenho dos professores não é preciso confundir o acto de avaliar com o de formar, como sucede com o actual modelo, ferido de morte. Para formar os professores, o Ministério pode e deve recorrer a cursos de formação nas Universidades, a cursos de formação por especialistas nas várias matérias desde o uso das novas tecnologias até ao domínio científico e actualizado das matérias dos programas. Para avaliar os professores, bastaria medir, através de provas de exame equilibradas e credíveis, a progressão dos alunos desde o ano em que o professor os recebe até ao ano em que os deixa, podendo, obviamente, o professor retirar uma ou outra turma que, por razões alheias à sua vontade, não manifesta qualquer motivação para os estudos. Outros factores como a assiduidade, a participação nas actividades culturais da escola, a sua formação e publicação científico e pedagógica também devem fazer parte dessa mesma avaliação. Mas deixem – aqueles que nunca deram aulas, que não conhecem os alunos e suas famílias, nem fazem a mínima ideia do que se passa nas escolas – deixem, dizia eu, os professores trabalhar em total liberdade técnica e pedagógica para preparar os seus alunos não só para as provas de exame (os alunos não têm exame em Filosofia, mas os professores são avaliados!) mas também para a sua formação enquanto cidadãos livres e responsáveis, com-scientes e criativos, capazes de responder critica e solidariamente aos desafios do presente e do futuro.Deixem, por favor, os professores em paz. Viva a liberdade de ensino e no ensino!

Zeferino Lopes, Prof. de Filosofia na Escola Sec. de Penafiel, em 3 de Junho de 2009.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

PROFESSORES VOTAM CONTRA ESTE PS...


APEDE, PROmova e MUP apelam ao voto contra este PS. A continuidade da guerra contra os professores vai depender dos "votozinhos", disse MLR no Parlamento

As recentes declarações da ministra da Educação, no contexto de uma sessão parlamentar em que o descontrolo emocional e a crispação foram indisfarçáveis (não é fácil acomodar sucessivas rejeições, frustrações e fracassos), não devem deixar qualquer dúvida aos professores que tudo se vai resolver na arena política dos actos eleitorais que aí vêm. Foi esta a mensagem clara de MLR: a continuidade destes personagens e das suas políticas desvairadas e injustas vai depender dos "votozinhos". Como tal, votar neste PS significará, tão-só, levar com mais 4 anos de MLR e de Sócrates, martírio e tortura que nenhum professor e nenhuma escola aguentariam.
De facto, os professores e as suas famílias podem fazer a diferença, desde já, nestas eleições europeias, infligindo a primeira derrota a Sócrates e a MLR e, desta forma, "desinchando-os" da sua arrogância e prepotência.
Pense-se o que se pensar, diga-se o que se disser, a verdade incontestada é esta: a vitória dos professores e da escola pública passam, necessariamente, pela derrota de Sócrates, de Vital Moreira e de Maria de Lurdes Rodrigues, pois, em Portugal, exceptuando os peões menores Pedreira e Lemos, ninguém abomina mais os professores.
Os professores portugueses têm o dever de consciência e a exigência histórica de NÃO votarem neste PS.
Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, NUNCA MAIS!
Fonte: PROmova

quarta-feira, 3 de junho de 2009

terça-feira, 2 de junho de 2009

Maria de Lurdes faz da educação o que José Sócrates faz na governação em geral.

No rescaldo de mais uma mega-manifestação de professores, quando por quase todo o lado se ataca a ministra da educação, no uso da minha irreprimível liberdade de opinião e democrática apreciação política não posso deixar de dizer que Maria de Lurdes Rodrigues está no lugar certo no momento exacto.

Não tem currículo, nem competência, nem perfil para desempenhar as funções que tão memoravelmente desempenha. Mas está no lugar certo no momento exacto, na justa medida em que está para a educação como José Sócrates está para a chefia do Governo. Também ele não tem currículo, nem competência, nem perfil para desempenhar as funções que tão memoravelmente desempenha.

Maria de Lurdes Rodrigues faz na educação o que José Sócrates faz na governação em geral. Finaliza a catástrofe nacional, prenunciando a imperiosidade de se reerguer o sistema educativo e o País a partir do zero, num terreno juncado de ruínas.

Maria de Lurdes é verdadeiramente um Socratezinho, imperando como ignaro e tirano régulo nos escombros da Escola Pública… O que Sócrates faz no Palácio de São Bento, faz Maria de Lurdes Rodrigues no soturno torreão da 5 de Outubro: o exercício permanente da prepotente incompetência. Estão perfeitamente um para o outro. Maria de Lurdes Rodrigues é para a escola portuguesa a desgraçada imagem reflectida da socratina destruição global da Pátria, em termos económicos e financeiros, mas sobretudo nos supremos domínios da ética e da moral.

Maria de Lurdes Rodrigues está no lugar certo no momento exacto. Depois dela e da sua tão inesquecível equipa, só resta a esperança de se construir um novo sistema educativo, baseado na verdade, no trabalho e na exigência, um sistema educativo onde se possa ensinar e aprender, onde a pedagogia volte a ocupar o lugar do que agora é só ignóbil demagogia…

Mário Rui Simões Rodrigues

segunda-feira, 1 de junho de 2009

NO DOMINGO, NÃO ESQUEÇAS, VOTA CONTRA PS!



Os direitos dos professores foram desprezados e espezinhados, arrogantemente, mais do que nunca, ao longo de toda esta legislatura pelo governo e pelos deputados do PS. Mas é bom não esquecer que esse caminho já fora trilhado, embora de forma menos vincada, na legislatura do PSD quando Manuela Ferreira Leite (MFL) foi Ministra da Educação. Depois disso, esta senhora, sem sequer se debruçar sobre as consequências da legislação educativa posta em prática pela actual ministra, começou primeiro por apoiá-la convictamente. Enfim, é bom não esquecer, MFL só se tem vindo a afastar do apoio às políticas de Sócrates à medida que as eleições se aproximam.Depois dos ferozes ataques a que os professores foram sujeitos por parte do PS (governantes, deputados, militantes e invejosos), prescindir do direito de voto, é o equivalente a admitir que somos coniventes com o fabrico artificial de estatísticas, com a propaganda indecente e com o recrudescer do autoritarismo, obscurantismo, injustiça, prepotência, incompetência, ignorância, intolerância, arrogância e outras “ânsias”. É o mesmo que admitir que somos coniventes com o ECD, ADD, Prova de Ingresso, CCAP, Novo Modelo de Gestão Escolar, Estatuto do Aluno, Novas Oportunidades e todas as tretas inventadas pelo ME para nos desprestigiar, infernizar a vida e para nos martirizar. Fomos atingidos ilegitimamente na nossa dignidade.Um destes dias ainda virão dizer que, graças a eles, o parque escolar tem mais qualidade, mais quadros interactivos, mais projectores de vídeo, mais Magalhães. O que eles não vão dizer, é que os milhões gastos nessas negociatas, de cuja legalidade até a própria Comissão Europeia duvida, foram roubados aos professores, os quais durante esta legislatura, viram as suas carreiras irremediavelmente congeladas e, com elas, as correspondentes remunerações. Fomos roubados indecentemente nas nossas expectativas remuneratórias.Nós professores, temos o dever moral e cívico de denunciar todos os deputados e governantes que, de uma forma oportunista, ao longo desta legislatura, sempre colocaram os seus interesses particulares acima do interesse geral e do bem do país e espezinharam os direitos de todo um grupo profissional.O acto de votar é um dever de todos os cidadãos. Os professores e educadores devem dar o exemplo de como se exerce a cidadania e, como tal, devem ir votar no domingo e, mais do que isso, devem apelar ao voto.Mas o voto é mais que um dever, é também um direito. Não podemos, de forma alguma, prescindir dos nossos direitos. É imperativo que todos os professores exerçam o seu direito. Por isso colega, não esqueças do que este PS te fez. Por isso colega, domingo vai passear, vai à praia, à serra, ao campo, ao jardim, ao centro comercial ou fica em casa, mas não deixes de ir votar.

Luís Moura